sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dos EUA para a Bahia

A Escola Pan Americana da Bahia possui educação norte-americana e

é um dos colégios mais caros de Salvador.

Aguardando Mister Klumpp, fui ficando cada vez mais receosa: a maioria dos funcionários tinha um pouco de medo de contatá-lo. Antes de me receber, entraram dois alunos em sua sala, um brasileiro e um português, acompanhados de duas professoras. Rapidamente ele resolveu a situação e me recebeu muito educadamente e falando em inglês “Hi Thatiana, Nice to meet you!” no que eu respondi confusa “Nice to meet you too, Mister Klump”. Reapresentei-me em português e ele pareceu nem ter percebido que falara sua língua materna. A sala de Dennis Klumpp, 58 anos, superintendente da Escola Panamericana da Bahia há quase três anos, é simples e muito bem organizada. Em alguns momentos de nossa entrevista ele achou com facilidade pastas com informações necessárias dos seus 625 alunos. Ele é um homem sério e carismático ao mesmo tempo, respondendo a todas as minhas questões com precisão e entusiasmo.

A Escola Pan Americana da Bahia foi fundada em agosto de 1960 por pais de alunos (como a maioria das escolas americanas), que vieram trabalhar pela Daw Química. No início tinham apenas 40 alunos e funcionou 5 anos numa casa alugada no Campo Grande. Um grupo de 4 famílias doou o terreno em Patamares onde funciona a escola atualmente. Até hoje a escola pertence a uma Associação de Pais. A EPABA não tem influência religiosa e nem fins lucrativos, porém cobra caras mensalidades para a realidade soteropolitana: de 1.188 a 1.791 dólares mensais. Mas isso tem justificativa: todos os anos novos professores vêm dos Estados Unidos para lecionar. Isto é de grande custo, pois eles precisam de toda a assistência.

A Escola tem um boa infra-estrutura, com campo de futebol, quadras de esporte, piscina, 55 salas de aula, 2 laboratórios de ciências, 2 laboratórios de informática, 2 salas de artes, 2 playgrounds e um centro tecnológico que mantém toda a rede de toda a escola. Em alguns casos, os alunos estrangeiros têm um preço diferente na mensalidade, pois quando sua família se muda para a Bahia por conta do trabalho, as próprias empresas pagam a mensalidade do estudante. Diferente das outras escolas de Salvador, a Escola Pan Americana preocupa-se mais com a qualidade do que com a quantidade. Desde que Mister Klumpp assumiu a superintendência da escola, há 3 anos, houve mais 200 alunos novos. E mesmo satisfeito com este crescimento, ele não acha que pode crescer muito mais: “Para não comprometer a qualidade do ensino, nós prezamos a baixa proporção professor-aluno, para que haja maior atenção com cada um deles”. Todas as salas da escola têm um professor, um assistente e um auxiliar, e em média 24 alunos.

O ano letivo começa em agosto como nas escolas americanas, tendo férias de 49 dias a metade de dezembro ao final de janeiro, e finalizando as aulas no meio de junho. A rotina dos alunos da EPABA inicia-se ás 7:30 e termina normalmente ás 14:30. As atividades extracurriculares, em que quase todos os alunos participam, começam as 14:45 e vão até as 17:00. São em média 2 horas, requeridas pela escola, de estudo em casa, e isso significa praticamente 12 estudiosas horas para estes estudantes. A instituição acredita que os alunos devem aprender além da sala de aula. E por isso a escola oferece aulas de esportes, teatro, música, ballet, capoeira, entre outros.

A proporção da nacionalidade dos alunos é de 65% de brasileiros, 15% norte-americanos e 20% de outras 21 nacionalidades. No corpo docente, 50% dos professores são brasileiros e 50% norte-americanos. A escola tem a divisão de séries no sistema americano. A Educação Infantil tem alunos de 2 a 4 anos e as crianças já começam a ser alfabetizadas em inglês e em português. A partir daí, nas outras séries, os alunos tem que ter conhecimento além do básico em inglês. A Elementary School tem alunos da Kindergarten (Jardim de Infância) a 5ª série. A Middle School é da 6ª a 8ª série. O High School é o que chamamos de ensino médio e os alunos são predominantemente brasileiros. Quando se formam, os estudantes geralmente vão para faculdades nos Estados Unidos e quando é aqui no Brasil, as mais frequentes são ITA, Unicamp ou USP.

Klumpp defende o modo de ensino norte-americano: “Não só no Brasil, mas em outros países da América do Sul, as matérias escolares são ensinadas com superficialidade. O assunto se confunde nos seus setores e vira algo muito mais para memorizar do que para aprender criticando e avaliando as situações. A EPABA segue este método de aprofundamento, antes de colocar outro assunto da matéria em questão. No mundo inteiro existem escolas com o programa norte-americano, mas o Brasil é o país que possui o maior número, são 14 no total”, diz o diretor.

A Pan Americana comemora datas do Brasil e dos Estados Unidos. Assim como há um grande almoço com todos os alunos no dia de Ação de Graças, também há comemorações do folclore brasileiro, o São João e Independência do Brasil. Com exceção das aulas de português e espanhol, os alunos falam durante todas as aulas em inglês. Fora da sala de aula, é muito frequente ver os alunos começarem a falar inglês e terminar em português, principalmente quando falam sobre as matérias escolares. A alimentação é de influência brasileira, o que encanta os estrangeiros. O diretor nos fala que os sucos fazem muito sucesso, e de quando em vez, servem moqueca no almoço.

Desde a Elementary School os estudantes são incentivados a expor suas opiniões, formando associações e grêmios. Existem grupos de alunos que participam de torneios em vários países onde eles respondem perguntas e fazem provas, contraindo prêmios para a escola.

Ricardo Araújo Gomes chama atenção por ser bem loiro e sorridente. Ele tem 11 anos e estuda na EPABA há 7. Mora em Lauro de Freitas, é aluno da 6ª série (o primeiro ano da Middle School). “Eu gosto muito desta escola! Adoro os amigos que tenho aqui! Minha matéria preferida é Educação Física e ainda faço aulas de volei e basquete!” conta ele. Normalmente, Ricardo sai da escola ás 16:00, devido ás atividades extra-curriculares.

DENNIS KLUMPP

Dennis Klumpp é natural do estado de Michigan, e veio ao Brasil pela primeira vez em 1978 para lecionar em Belo Horizonte. Depois foi ao Japão, lecionou mais 7 anos no Rio de Janeiro, trabalhou ainda no Chile, e no Paraguai por 5 anos. Sua formação é Bacharel pela Central Michigan University, Mestre em Educação pela Universidade de Massachusetts, Especialista em Administração Educacional pela Central Michigan University, PhD em Administração Educacional com ênfase em Ensino Secundário pela Boston College University.

Há 3 anos iniciou seu trabalho como superintendente da Escola Pan Americana da Bahia. Klumpp é casado e tem 2 filhos que moram nos Estados Unidos e falam 4 línguas, para o orgulho do pai. Hoje ele mora no bairro de Patamares em Salvador e diz: “Hoje sou mais brasileiro do que americano”.

Um hábito que ele traz dos Estados Unidos é a rigidez com horário e disciplina (pediu-me desculpas por ter me atendido com 10 minutos de atraso). Ele contou que outro dia suspendeu por 3 dias um aluno brasileiro por motivos de disciplina. Os pais foram até ele ver se não havia um jeito de contornar a situação e ele foi muito firme dizendo que não. O que chamamos aqui de “jeitinho brasileiro”, é o que Dennis Klumpp não encorporou nos seus costumes. Ele responsabiliza o clima quando se fala que as pessoas dos Estados Unidos têm fama de serem “frias”: “Em Michigan, o pico é de -20°C. A neve é alta na rua, as pessoas se recolhem em casa, não saem muito no frio”, defende ele.

Quando eu pergunto sobre o choque cultural da Bahia e Michigan, Mister Klumpp responde: “Eu amo a Bahia!”

INFLUÊNCIA NORTE-AMERICANA

Todos os dias presenciamos a influência que os Estados Unidos possui na rotina do nosso país, às vezes nem percebemos o quanto é frequente. Apesar de ter uma cultura tão diferente da brasileira, o mundo norte-americano está cada vez mais introduzido no dia-a-dia. Nós vestimos jeans, comemos Big Mac, assistimos um filme com Bradd Pitt na HBO, navegamos na internet e conversamos no msn. A própria faculdade é franquia da americana Whitney International University System. A maior potência mundial vem acreditando cada vez mais no Brasil, e se fazendo mais presente em todos os setores, principalmente trabalhistas. E aqui na Bahia: Tem combinação melhor que acarajé com Coca-Cola?

COLABORAÇÃO: PROFESSORA CONSUÊLO SOUZA, COORDENADORA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA ESCOLA PANAMERICANA DA BAHIA

Thatiana Seixas, estudante de Jornalismo da UniJorge. Novembro de 2009.

7 comentários:

  1. Quando fizer entrevistas veja com mais atenção o nome dos entrevistados! É Ricardo Araújo BORGES e não gomes

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  2. Thatiana, I Love your blog! You might like mine too? I went to The Escola Pan Americana da Bahia in the 1970s and I agree there is nothing better than Coca Cola and Acaraje!!
    --Julie
    http://tigerteachersquest.blogspot.com/2011_03_01_archive.html

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  3. E a mensalidade... Preciso saber sobre valores... Meu filho negro...

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  4. kkkkkkkkkkkkk meu filho negro kkkkkkkkkkkkkkkkkk murri kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  5. Adorei a matéria... Parabéns!
    Fico imaginando se em 2009 a mensalidade era de 1.188 a 1.791 dólares, imagina agora! Hahaha é p poucos...
    Mas a disciplina e educação parecem ser de primeira!!!

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